Novidades
15 de julho - Dia do homem. E, em 1 minuto, 8 agressões ocorreram. Alvo: MULHERES.

Tarso 15/07/2021 974

Não! não temos o que comemorar neste dia. Infelizmente, enquanto escrevo este texto (e você lê), mais de 100 mulheres no Brasil irão sofrer algum tipo de agressão. Quem confirma isso é o Instituto Datafolha que realizou uma pesquisa com mais de 2 mil pessoas sobre a percepção da violência contra a mulher. 

O dia do homem tem como objetivo conscientizar sobre a saúde masculina e suas relações com a sociedade e o seu gênero. A data foi criada pela ordem nacional dos escritores em 1992, e desde a sua origem vem “celebrando” as questões masculinas, porém não há o que comemorar, pois infelizmente o Brasil ocupa a 5ª posição em relação ao feminicídio no mundo.

Como a data propõem a reflexão sobre masculinidade,  resolvi refletir sobre a minha vida e perceber quando o comportamento machista aflora e acaba evoluindo. Dentro dessa reflexão, proponho, caro leitor, que perceba como evitar o comportamento tóxico de forma construtiva para que possamos juntos, combater de todas as formas o ataque ao corpo feminino na sociedade.

 Para refletirmos, separei em 3 momentos da minha vida: infância, adolescência e vida adulta. Acredito que olhando esse processo de crescimento poderemos identificar um padrão e como combatê-lo.

INFÂNCIA

Aos 10 anos de idade, mais ou menos, começou a fase de troca de beijos com as meninas do meu bairro. Dentro desse cenário havia uma garota livre e liberta de si, que dentro da minha visão, permitia-se beijar diferentes garotos. Após algum tempo, ela começou a receber nomes pejorativos e ser taxada de fácil por todos os garotos da rua. Eu mesmo sem a conhecer acabei reproduzindo os julgamentos.

ADOLESCÊNCIA 

Aos meus 16 anos começou o momento de festas. Costumava sair muito para me divertir com os meus amigos. Em uma festa qualquer, que acontecia rotineiramente na adolescência, estava com os meus amigos quando reparo que um amigo passa a mão em uma garota, sem ela permitir. Então, ela se vira e xinga ele, ele me olha e ri, eu retribuo o sorriso quase que de forma automática, concordando sem processar muito o ocorrido. 

VIDA ADULTA

Já na faculdade, quando tinha 22 anos, um amigo foi acusado de violência sexual por sua parceira. Prontamente, sem questionar, fico em defesa dele, aceitando cegamente todos os seus argumentos e duvidando da palavra e dos argumentos da sua parceira violentada. Pensava: “Por que ela não procurou a polícia?", “Os textos dela não batem” ou  “Ela é namorada dele, obviamente estava consciente do ocorrido”.

Quando observo a minha vida e vejo esses 3 momentos, que não são únicos, mas foram trazidos de forma literal aqui neste artigo, consigo perceber bem claro um padrão de comportamento. Primeiramente omisso, mas também evolutivo e ISSO É MUITO GRAVE, pois nenhum homem nasce um agressor, ele se torna um. 

A construção social masculina é preenchida pela masculinidade tóxica. Desde pequeno fui levado a aceitar que uma mulher poderia ser taxada por um adjetivo pejorativo, quando simplesmente ela queria ser livre. Na adolescência fui ensinado que tocar no corpo de uma mulher sem permissão era demonstração de coragem e não de abuso. Na vida adulta exercitei a desacreditação da vítima de violência, achando que estava sendo leal a um amigo.

Na minha vida sempre tive a representação de mulheres muito fortes, como minha mãe e irmã que me criaram sozinhas. Além delas, tive também minha professora de vôlei, de capoeira, de dança, minha orientadora na faculdade, minha parceira de vida, minha sócia, minhas colegas de trabalho. Mas mesmo tendo exemplos e podendo aprender com essas mulheres,  errei de forma grave e perpetuo o machismo estrutural. 

Infelizmente o problema é urgente e não podemos ficar no erro, ou ser omissos. Precisamos nos conscientizar e ir para ação. Não podemos ser o 5º país que mais mata mulheres no mundo, não podemos ter 8 mulheres sendo violentadas por minuto. SIMPLESMENTE NÃO PODEMOS. 

Para você, homem, que leu este texto, quero dizer que nós podemos mudar isso. Eu estou no processo de mudança dessa jornada e te convido a iniciá-la também! E para isso, trago ações simples e cotidianas que podem impactar muito na luta contra o feminicídio, a violência sexual contra as mulheres e o machismo estrutural:

1 - Eduque o seu filho - Quando identificar um comportamento machista, chame a atenção positivamente, aponte o erro e mostre o jeito correto de agir;

2 - Leia os livros “Sejamos todos feministas” e “ Para educar crianças feministas" de Chimamanda Ngozi Adichie;

3- NUNCA, NUNCA tire o crédito, diminua ou questione a mulher vítima de qualquer tipo de violência;

4 - Fale sobre os seus sentimentos, e se for possível procure um profissional. Homens por questões estruturais têm dificuldade de falar sobre os seus sentimentos;

5- Respeite o corpo das mulheres. MULHERES NÃO SÃO UM OBJETO. Infelizmente por causa do machismo estrutural, somos “educados” a objetificar o corpo da mulher.

Por fim, é importante dizer que a luta contra o machismo não é só a favor das mulheres. Ela também é uma forma de libertar todos os homens de inúmeras opressões e “obrigações” que somos forçados e induzidos desde crianças. 


Tarso

Fundador da Troca

Sou um apaixonado por empreendedorismo de impacto, venho construindo projetos para combater a desigualdade social. Luto para construir um lugar melhor para todes. Aspirante a atleta de thriatlon e adora jogar videogame com os amigos.

Compartilhe

Comente essa publicação

Receba Materiais Exclusivos

Se inscreva aqui embaixo e irá receber diversos materiais sobre diversidade, inclusão e muito mais!

//Últimas publicações

Baixe agora o guia do
Censo de diversidade